O mês de abril foi marcado por uma piora do sentimento do mercado em relação aos fundamentos macroeconômicos no Brasil e no exterior. Para quem acompanhou a onda de pessimismo, não é uma surpresa saber que os piores investimentos do quarto mês de 2024 tenham sido os da renda variável – inclusive aqueles que vinham em um movimento de alta expressiva no ano.
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Dados levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, mostram que o Bitcoin teve o pior desempenho entre os principais ativos de investimento em abril. Os índices ligados a ações – IbovespaIDIV, Small Caps – também tiveram um mês negativo, assim como o IFIX, índice de fundos imobiliários (FII). Na ponta positiva, dólar e euro se destacam.
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O contexto que explica boa parte desses desempenhos é um só: dados de inflação mais elevados do que o esperado nos Estados Unidos levaram o mercado a reprecificar o início do ciclo de corte de juros por lá, de junho ou julho para setembro. Como efeito, houve um movimento de aversão a risco geral que penalizou os mercados globais.
Até o Bitcoin, que vinha em uma trajetória de alta expressiva em 2024, sofreu. A principal criptomoeda do mercado caiu 11,32% no mês em que fez o tão aguardado reduzir pela metadeum mecanismo que, de tempos em tempos, reduz à metade reduzir pela metade as recompensas aos mineradores do ativo.
O evento era tido por muitos especialistas como algo que faria a cripto disparar – como realmente vinha acontecendo –, mas o halving não foi suficiente para barrar o pessimismo que tomou o mercado em abril. “A mudança na expectativa do início da queda da taxa de juros americana impactou negativamente os ativos de risco globalmente, prejudicando o sentimento do mercado em relação ao Bitcoin”, destaca Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital
Dólar em alta, Bolsa em baixa
A piora do sentimento em relação aos EUA também explica o desempenho negativo do mercado brasileiro no período. Com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo lá fora, parte do mercado começou a rever para cima as projeções para a Selic ao final de 2024.
“Isso acabou influenciando nosso mercado também, com os agentes passando a precificar um ritmo mais lento nos cortes da Selic, já colocando em dúvida o tamanho do corte na reunião de maio, que antes era precificado como certo -0,50%, passou a ser precificado um possível corte de -0,25%”, destaca Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
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Por aqui, no entanto, houve ainda um outro fator jogando contra os ativos de risco. Em abril, o governo federal revisou a meta de superávit fiscal de 0,5% do PIB em 2025 para déficit zero. Para alguns agentes do mercado, a mudança enterra o novo arcabouço fiscal, que já não tinha tanta simpatia entre economistas e analistas devido à dependência do aumento de receita, sem contrapartida de corte de gastos.
A instabilidade fiscal, somada ao cenário mais incerto no exterior, levou a uma abertura de curva de juros longa no País. Como mostramos aquitítulos do Tesouro Direto voltaram a ser negociados a um nível de “juros de crise”. “Surgiu uma dúvida quanto à dívida PIB do País, deixando assim pouco espaço para o Banco Central continuar a cortar os juros no segundo semestre”, explica Rodrigo Fonseca, especialista da mesa de renda variável da RJ+Investimentos.
Um cenário ruim para a Se for assim e o Ibovespa, mas pior para aquelas empresas menores, mais alavancadas, que dependem mais do ciclo de juros em suas operações. “Por isso o índice Versalete teve o pior desempenho no mês de abril, pois o mesmo tem uma relação inversamente proporcional a curva de juros longa”, diz Fonseca.
Se o ano de 2024 já estava sendo marcado pela saída brusca do capital estrangeiro da Bolsa, com as incertezas fiscais por aqui e o cenário no exterior de juros em alta e conflitos geopolíticos, os gringos sumiram de vez. Até o dia 26 de abril, dado mais recente disponibilizado pela B3, a Bolsa de Valores brasileira havia perdido R$ 32,5 bilhões de investimento estrangeiro.
A saída de Dólares do mercado já estava desbalanceando o câmbio, mas o cenário se agravou em abril; o que explica a alta de 3,51% do dólar e de 2,37% do euro em relação ao real no período. No dia em que a meta fiscal foi revisada, em 16 de abril, a moeda americana bateu o pico de R$ 5,27, o maior valor desde março de 2023. ” A mudança implica um compromisso de zerar o déficit primário do governo somente em 2026, o último ano do governo. Obviamente, isso repercutiu negativamente no mercado, reforçando o risco fiscal existente em relação às contas nacionais, o que foi um dos principais fatores de aversão ao risco que contribuíram para a valorização do dólar entre 2015 e 2016″, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
O que esperar de maio
Como mostramos nesta outra reportagemaos poucos o mercado tem revisado as estimativas para o resto de 2024. Aquelas projeções que, na virada de 2023 para 2024, colocavam o Ibovespa na casa de 140 mil ou até 150 mil pontos parecem adiadas até que o Federal Reserve inicie efetivamente o ciclo de corte de juros. Isso significa que, com os fatores que estão hoje na mesa, a Bolsa pode continuar a andar de lado.
O entendimento geral é que as condições macroeconômicas continuarão a ser um fator crucial. Melhoras nas condições econômicas globais ou uma estabilização nas políticas monetárias podem levar a um ambiente mais favorável para ativos de risco.
Fora isso, quem parece ter mais motivos para voltar a subir em maio é o Bitcoin, destaca Vinicius Moura, da Matriz Capital. “Apesar da queda em abril, o Bitcoin ainda mostra uma alta expressiva no acumulado do ano, indicando que ainda há um forte interesse e potencial de recuperação. O halving pode continuar a ser um evento catalisador para aumentos de preço, pois historicamente reduziu a oferta de novos bitcoins, potencialmente elevando o preço”, diz.
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