"Como criei uma comunidade antirracista para aumentar o número de mulheres negras e indígenas trabalhando com marketing digital"

“Como criei uma comunidade antirracista para aumentar o número de mulheres negras e indígenas trabalhando com marketing digital”

“A comunidade é a base na qual as pessoas vão compartilhar seus dons e receber dádivas dos outros.”

Gostaria de começar citando a pensadora africana Sobonfu Somé porque sou uma mulher negra nascida na periferia de Manaus, onde as pessoas têm a cultura de cuidar uma das outras, desde o cozinhar em uma festa de 15 anos até ajudar a encher a laje do vizinho ou comemorar quando um parente acessa o ensino superior.

Muito prazer, sou Rosângela Menezes, uma mulher amazonense que mora em Florianópolis. Sou formada em física e em jornalismo, mas minha vida profissional foi construída nas salas de aula, nas periferias de Manaus, e em agências de marketing de Santa Catarina.

Fundei a Awalé, em 2021, logo após a crise de oxigênio em Manaus. Gosto de dizer que nascemos do desconforto das estatísticas: da mortalidade de pessoas racializadas, do desemprego e também porque foram os empreendedores negros que mais sofreram o impacto da pandemia causada pela Covid-19

Queria fazer algo para além de doações para as ONGs que estavam ajudando a população. Pedi demissão e utilizei meu conhecimento e minha rede de contatos para fundar a Awalé, que oferece cursos de conteúdo criativo e SEO para conectar mulheres negras e indígenas a projetos de marketing digital. Já impactamos a vida de mais de 100.

A maioria delas trabalha hoje na área. Além de construir pontes, meu propósito é aumentar o número dessas mulheres trabalhando com marketing.

NA AWALÉ, ACREDITAMOS NO APRENDIZADO EM COMUNIDADE PARA POTENCIALIZAR CARREIRAS DE MULHERES NEGRAS E INDÍGENAS

Fundei a Awalé em um contexto de dor e escassez. Para além das estatísticas, minha avó ficou doente e precisei viajar para ajudar a cuidar dela, em Manaus. Foi lá no hospital, entre cochilos e medicações, que organizei o primeiro curso de Conteúdo Criativo e SEO.

Liguei para várias amigas e colegas de trabalho e falei sobre a ideia de oferecer treinamento gratuito para as mulheres negras que perderam o emprego durante a pandemia.

Uma formação que mesclaria aulas online com desafios técnicos, acompanhados por mentorias, que preparasse as alunas para trabalhar como redatoras freelancers nas organizações ou a ter repertório para digitalizar seus negócios

Mas por que um curso de conteúdo criativo e SEO? A resposta mais óbvia é porque tenho uma rede de apoio engajada no marketing. Também porque acredito que uma pessoa que goste de escrever, aprende técnicas de SEO, tem habilidades socioemocionais para atendimento ao cliente e fomenta uma networking, está pronta para trabalhar com marketing digital.

LEIA TAMBÉM  Tribuna do Recôncavo / Bahia / Santo Amaro terá palestra sobre marketing digital na terça-feira (04)

O RETORNO DAS MULHERES QUE PARTICIPARAM DOS CURSOS MOSTRAM QUE ESTAMOS NO CAMINHO CERTO

Cinco turmas depois, impactamos positivamente a vida de 118 mulheres: 79,25% pretas, 17,92% pardas e 2,83% indígenas, nas cinco regiões do país.

Mais do que ensinar técnicas de escrita, criamos um ambiente de aprendizado em comunidade em que as mulheres potencializam umas às outras, mesmo depois que o curso acaba

E nossa metodologia tem gerado resultado. Geovanna Santos, turma 4, afirmou que “depois do Curso de Conteúdo Criativo e SEO, perdi meu medo. Não apenas o medo de mostrar o que sei, mas também o medo de demonstrar que estou disposta a aprender mais. O ambiente acolhedor e de apoio, composto por mulheres e, especialmente, mulheres negras, com trajetórias diversas, me fez perceber que não estou sozinha nessa jornada. Entendi ainda mais a importância de nos unirmos, pois isso faz toda a diferença.”

Já Suelen Rocha, turma 3, compartilhou que “uma dificuldade que encontrava no trabalho era escrever sem ter muito conhecimento técnico. Com a pressão do dia a dia, não havia muito tempo para me ensinarem e me sentia insegura em relação ao texto. A mentoria na Awalé foi fundamental para ganhar segurança na minha escrita, inclusive eu estava no caminho certo, só precisava de acompanhamento.”

Ao longo dos anos, desenvolvemos um trabalho de escuta com as mulheres durante e após o curso. Dessa forma, entendemos que outras necessidades foram criadas.

As mulheres estavam em busca de novas habilidades para acelerar suas carreiras. Foi assim que lançamos a Formação de Analista de Conteúdo com apoio da Ambev e conseguimos oferecer bolsas de estudo para 31 mulheres.

O DESAFIO DAS EMPRESAS DE IMPACTO É GARANTIR A SUSTENTABILIDADE

Quando pedi demissão e fundei a Awalé, pretendia tirar uns meses sabáticos para fomentar a comunidade e descansar, mas já no dia seguinte recebi a proposta de gerenciar um projeto de expansão de uma startup.

Como não conseguiria tocar as demandas sozinha, convidei algumas ex-alunas e um novo modelo de negócio surgia: uma agência de marketing digital que pagasse a operação de impacto social.

LEIA TAMBÉM  Martech une marketing e tecnologia para aumentar faturamento

Durante dois anos, atendemos mais de 20 clientes entre startups, grandes empresas e negócios fundados por pessoas negras. Conseguimos incluir na rede produtiva cerca de vinte alunas.

Mas, ao mesmo tempo em que os negócios no ramo de serviços cresciam, entendia que fomentar uma comunidade, oferecer treinamentos, traçar estratégias para que os clientes tivessem bom desempenho no Google e gerenciar um time júnior, não apenas me afastava do propósito de compartilhar conhecimento, como também me levou a um burnout

Decidi interromper a operação da agência e tudo o que veio depois foi muito teste, mensuração de impacto e a busca por um modelo de negócio em que empresas co-criassem soluções conosco, para que continuássemos a oferecer formações gratuitas.

UM DOS MEUS MAIORES ERROS FOI TER DEMORADO A PEDIR AJUDA

Gosto de dizer que a maior fortaleza da Awalé é também nossa maior fraqueza.

Explico: todos os dias, diversas pessoas me escrevem perguntando como poderiam nos ajudar. Temos facilitadoras e mentoras voluntárias, além de empresas que nos procuram para oferecer apoio com cursos, mentorias ou ajuda na divulgação.

No entanto, demorei dois anos para prospectar empresas para nos patrocinar. Rodamos duas formações com apoio de organizações privadas. Mas, com a redução dos investimentos em políticas de diversidade, equidade e inclusão, entendemos que esse é um modelo de negócio que não se sustenta

Outro ponto importante de destacar é que, por aqui, negócios de impacto social são geralmente associados às organizações do terceiro setor, à caridade, e não a empresas lucrativas. Mas por trás de cada CNPJ de impacto existe um CPF, trabalhando arduamente para pagar as contas.

No Brasil, a cultura de doações para causas sociais, embora crescente, ainda enfrenta desafios. Enquanto as pessoas frequentemente doam para ajudar os necessitados, a falta de confiança nas instituições e a burocracia muitas vezes desencorajam doações mais robustas.

Além disso, embora existam incentivos fiscais para doações, como a dedução no imposto de renda, o impacto dessa política ainda não atingiu seu potencial máximo devido à complexidade do sistema tributário e à falta de divulgação eficaz.

LEIA TAMBÉM  Gestor de tráfego pago pode impulsionar vendas e visibilidade no mundo digital

Quando comecei a pedir ajuda, uma grande rede de apoio surgiu e conseguimos chegar mais longe.

SEMENTES DA AWALÉ: RUMO À ESCALA DE UMA COMUNIDADE AMOROSA

Em outubro de 2023, resolvi que era chegada a hora de dar o meu salto de fé: focar 100% nos treinamentos de mulheres negras e indígenas e conectá-las com as vagas do mercado.

O salto de fé é o momento em que a pessoa empreendedora decide investir tempo, dinheiro e recursos em uma ideia, mesmo sem garantias de sucesso.

É um momento crucial em que a pessoa empreendedora confia em sua visão, intuição e habilidades para superar os desafios e alcançar os objetivos estabelecidos.

Mas nós, mulheres negras, damos salto de fé desde o dia em que resolvemos ser resistência ao estudar e vislumbrar uma carreira em que se possa balançar estatísticas

Todas as vezes que penso em desistir, gosto de lembrar das nossas primeiras alunas que hoje se preparam para se tornarem líderes e aumentar o número de mulheres negras em cargos de liderança, que atualmente representa apenas 5%. Segundo as estatísticas, não existem mulheres indígenas nestes cargos no mundo corporativo.

No futuro, que já estamos construindo, queremos criar ambientes em que o aprendizado em comunidade seja o centro.

Também estamos desenvolvendo novas formações para que nossas alunas cheguem mais preparadas no mercado de trabalho. E, nós, mulheres negras e também as indígenas, possamos deixar de carregar o peso de sermos únicas no ambiente da tecnologia e recalcular as rotas de nossas famílias.

Faço parte da primeira geração da minha família que não vive em subsistência. Tenho certeza que nosso trabalho na Awalé vai reverberar em muitas gerações das famílias de nossas alunas.

Em tempo, o início é um jogo africano que simula uma colheita e tem como premissa a prática africana da troca.

É sobre semear para colher.

Rosângela Menezes é fundadora e diretora-executiva na Awalé. É formada em física e jornalismo, tem MBA em big data aplicado ao marketing e uma carreira de mais de dez anos no marketing digital, trabalhando em agências, órgãos públicos e empresas de tecnologia. É também palestrante e mentora de startups.

 

Qual é o caminho da liberdade para a independência financeira?

Uma vez que você se entende como financeiramente livre, é hora de pensar no seu caminho até a independência financeira.

Inicialmente, é preciso compreender que esse percurso está diretamente ligado ao seu perfil de investidor.

Ao estabelecer uma rotina de aportes constantes em bons investimentos visando, no futuro, a renda passiva, a sua jornada de investidor consistirá em três fases principais:

  1. Fase de acumulação: nesse momento, suas reservas são pequenas ou inexistentes. Aqui, o intuito é acumular recursos. Normalmente, nessa fase, os investidores, ainda jovens, devem buscar a diversificação e têm maior tolerância ao risco e seus investimentos, mesmo que visem o longo prazo.
  2. Fase da multiplicação: com algum bom volume de patrimônio acumulado, o investidor está no momento de multiplicá-lo para ganhar corpo ao mesmo tempo em que pensa em estratégias de como preservar o que foi guardado até então.
  3. Fase da preservação e fruição: com o objetivo estabelecido para a renda passiva alcançado, é hora de o investidor trabalhar exclusivamente nas formas de proteger, manter e desfrutar do seu patrimônio e portfólio de investimentos.

Para terminar, veja uma ótima dica que vai ter ajudar a compreender melhor sobre conquistar a sua liberdade financeira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fale com a gente WhatsApp